Neste mês, milhares de funcionários de 70 empresas no Reino Unido começaram a trabalhar apenas quatro dias na semana, no que está sendo considerado o maior teste do mundo desse modelo de trabalho.
A semana de quatro dias úteis tem sido discutida há vários anos. Grandes empresas e diversos países, como Islândia, Japão e Espanha, testaram o modelo, com ótimos resultados tanto para os funcionários como para os negócios.
Apesar de ser uma ideia simples, trabalhar quatro dias por semana ao invés de cinco pode ser um tanto complexo para as empresas quando se trata de locais de trabalho, custos iniciais e metas corporativas. Vale lembrar que esse modelo não significa trabalhar mais rápido ou por um salário menor, mas uma redução de horas. Ou seja, quatro dias, mesmos horários, sem redução de pagamento.
Vantagens e desvantagens
Em geral, os benefícios para os funcionários incluem menos estresse e um equilíbrio melhor entre a vida profissional e pessoal. Uma desvantagem é que as tarefas são comprimidas em menos tempo. Para as empresas, as dificuldades estão centradas nos custos iniciais e na complexidade logística. Com funcionários trabalhando menos horas, é necessário ter mais pessoas fazendo o mesmo trabalho. Simplificando, é preciso ter uma equipe maior para realizar a mesma quantidade de trabalho que seria feita em uma semana completa de cinco dias.
Vários experimentos mostram que os benefícios em longo prazo para as empresas em termos de atração, retenção e bem-estar dos funcionários superam os custos de curto prazo. Inclusive, muitos resultados desse tipo de experimento são relacionados à produtividade. Quando a Microsoft realizou um programa piloto de quatro dias úteis no Japão, ela relatou um aumento de 40% em produtividade.
Segundo a Dra. Rita Fontinha, professora associada de Negócios Internacionais e Estratégia na Henley Business School no Reino Unido, que tem estudado os prós e contras da semana de quatro dias úteis, essa melhoria na produtividade tem uma explicação. Quando o tempo é escasso, as pessoas se tornam melhores em gerenciá-lo, portanto, conseguem priorizar melhor as atividades.
Quatro dias úteis com trabalho flexível: como será esse cenário?
Em um ambiente de trabalho híbrido e remoto, como funcionaria essa dinâmica? Segundo a Dra. Fontinha, será necessário reavaliar as ideias sobre prioridades, produtividade e presença. Afinal, estar em um local específico não significa necessariamente ser produtivo nas tarefas que acontecem ali. É fundamental pensar em qual trabalho é feito melhor em qual local, especialmente quando o tempo é limitado.
Ao trabalhar menos horas independentemente do local, priorizar quais tarefas são feitas em qual horário também é importante. Criar espaço para atividades que são realizadas melhor sozinho é essencial para separar um tempo para aquelas que envolvem criatividade ou colaboração, a serem feitas em grupo quando a equipe está junta fisicamente.
Por fim, independentemente de onde as horas de trabalho são gastas e quantas elas são, a essência desses testes de modelo de trabalho é permitir que cada um seja autônomo e tenha controle do seu tempo dedicado à vida profissional.
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